segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

R$ 2,30 - oi?



Bom dia, Maceió! Já foram pegar um ônibus hoje?
Imagino que muitos de nós, ontem e hoje, levaram um susto na catraca dos coletivos, quando o cobrador exigiu mais 20 centavos nos R$ 2,10 que oferecemos a ele.
— Pera aí, deve haver algum engano... Sexta-feira eu paguei os mesmos (e absurdos) R$ 2,10 de sempre!
— Pois é. — respondeu o cobrador, o mesmo ar apático de sempre. — A passagem aumentou no sábado.
Como assim, cobrador? Como assim prefeito, como assim, Maceió? Assim, do nada? Na surdina? Aturdidos, corremos aos jornais, sites, qualquer informativo que pudesse elucidar a questão. Lá estava: numa decisão monocrática, o desembargador Washington Luiz aprovou a liminar que aumentou para R$ 2,30 o valor da tarifa cobrada nos ônibus – em pleno fim de semana. Incrível quando a Justiça, cega ou não, pode ser bem ágil quando quer, não é? E não é à toa que dizem que os desembargadores pensam que são Deus. Só pode.
O resultado, queridos maceioenses, é que pagaremos a passagem mais cara do Nordeste e do país, se levada em consideração a quilometragem. Não bastassem as verdadeiras sucatas que nos oferecem, chamando de ônibus, não bastassem os atrasos e problemas mecânicos que vez ou outra empacam os coletivos bem no meio do caminho, não bastassem os elementos que saltam a catraca da maior das caras lisas e ainda por cima assaltam os pobres usuários... Mais uma bomba, bem no nosso colo.
Obviamente que o desembargador não anda de ônibus, não é? Porque até mesmo o prefeito – ele, que costuma tomar chá de sumiço, de acordo com o jargão popular – barrou qualquer aumento de tarifa, pelo menos antes de serem feitas as prometidíssimas licitações de novos veículos. Hello, desembargador! Essa é uma cidade de maioria pobre. Pra não dizer miserável. Muita gente precisa tomar dois ou mais coletivos por vez para chegar ao trabalho, por exemplo. No fim do dia, essas pessoas terão pago R$ 1 ou mais que isso, a mais que o que costumavam pagar. Imaginem essa cifra no fim da semana. No fim do mês.
Dizem por aí os turistas que o maceioense é afável, hospitaleiro. Pode ser. Inclua 'resignado' e 'estagnado' – opa, o governador vai dizer que é mentira – nisso. Porque nada vai mudar. Há pouco tempo, um protesto conseguiu reduzir os preços abusivos do combustível nos postos de gasolina – e a sociedade aplaudiu. Mas quero ver, Maceió, quando sairmos às ruas fazendo barulho e reclamando nossos direitos – nos chamarão de, como é mesmo? Baderneiros. Vândalos. Vagabundos, desocupados. Os que possuem carro agora nos mandarão um grande foda-se. Porque apesar de explorados, violentados e vilipendiados... Não somos as vítimas, não é?
Só quero ver como vai terminar essa ópera do malandro, Maceió. Só quero ver...