Se lê Nova é fútil, se ouve Madonna é gay, se vê novela é dona-de-casa, se chama Severino é porteiro, se é nordestino é burro, se usa batom vermelho é puta, se é petista é ladrão.
Quando foi que ficamos assim tão babacas? Tão preto & branco, oito ou oitenta, Yin e Yang, dá ou desce?
Perdi esse bonde dos fatalistas tão enredados no maniqueísmo da pretensão.
Eu adoro novela, Machado de Assis, Freeddy Krueger, Laranja Mecânica, Legião Urbana, Cazuza, Pearl Jam, Janis Joplin, Elvis, Los Hermanos, Etta James, Sidney Sheldon, Dan Brow, Shakespeare. Assim, tudo-junto-e-misturado.
Mas na cartilha do caga-regrismo, pra ouvir Beatles preciso saber todos os álbuns. Para ouvir Last Kiss do Pearl Jam, preciso saber que, antes de fazer sucesso na voz de Eddie Vedder, a canção já era interpretada por Buddy Holly na década de 50. Aliás, preciso não confundir com Billie Holliday, a cantora de jazz. E preciso ouvir SÓ Rock, só Clássico, só Samba, só Jazz, só Bossa Nova. Do contrário, ou eu não tenho capacidade de escolha ou tô fazendo média com meio mundo. Difícil.
Mas na cartilha do caga-regrismo, pra ouvir Beatles preciso saber todos os álbuns. Para ouvir Last Kiss do Pearl Jam, preciso saber que, antes de fazer sucesso na voz de Eddie Vedder, a canção já era interpretada por Buddy Holly na década de 50. Aliás, preciso não confundir com Billie Holliday, a cantora de jazz. E preciso ouvir SÓ Rock, só Clássico, só Samba, só Jazz, só Bossa Nova. Do contrário, ou eu não tenho capacidade de escolha ou tô fazendo média com meio mundo. Difícil.
Tenho um amigo jornalista, mestre em Ciências Políticas, inteligentíssimo. Adora Metálica e CALYPSO. Sério, Calypso. Outra amiga tem tatuagem, cabelo roxo e piercing nos mamilos, mas toda quinta-feira bate ponto numa casa de sertanejo. Albert Einstein repetiu a quinta série. Marilyn Manson não fuma, não bebe, nem cheira. E sabe lá Deus se trepa.
E agora, José? Onde estão as regras? Em que Bíblia tava escrito?
E agora, José? Onde estão as regras? Em que Bíblia tava escrito?
Que mundo louco. Entre a Rua Augusta e a Vila Madalena, há mais mistérios do que julga nossa vã filosofia, meus caros.
Estereotipar é preguiça de entender, de conhecer. A maneira mais eficaz de deitar e rolar na cama do comodismo. Afinal, é muito mais fácil concluir que todo nerd é tímido, que toda gostosa trepa bem ou que todo padre é pedófilo. Certo?
Óbvio, fica complicado defender o cara que ouve Molejo, lê Paulo Coelho e adora Transformers. Mas no frigir dos ovos, pra mim é o seguinte: desde que vc não consuma APENAS cultura inútil, é válido se misturar com o povão de vez em quando. Isso é estar aberto. É até, talvez, ser eclético, como vcs gostam de dizer.
Uma grande maneira de colonizar a massa é massificar o erudito. Não há outra forma de fazer a Maria do morro ouvir a 4ª sinfonia de Beethoven que entoa o comercial do sabonete Vinólia. E eu, que sou Maria, mas nem tanto do morro, também jamais teria curiosidade de ler a biografia de Leonardo Da Vinci, não fosse pelo Best Seller homônimo de Dan Brown. Nem aprofundar-me-ia no jazz de Etta James, não fosse por Beyoncé na pele da musa em Cadillac Records.
Uma grande maneira de colonizar a massa é massificar o erudito. Não há outra forma de fazer a Maria do morro ouvir a 4ª sinfonia de Beethoven que entoa o comercial do sabonete Vinólia. E eu, que sou Maria, mas nem tanto do morro, também jamais teria curiosidade de ler a biografia de Leonardo Da Vinci, não fosse pelo Best Seller homônimo de Dan Brown. Nem aprofundar-me-ia no jazz de Etta James, não fosse por Beyoncé na pele da musa em Cadillac Records.
Acho que é por aí.
A gente é tão bitolado em estereotipar, que na década de 90, lembro-me dos Engenheiros do Hawaii - contemporâneos de Guns N’ Roses e Nirvana - sendo criticados por NÃO compor e cantar em inglês. E hoje a gente queria que Amy Winehouse se comportasse, que se enquadrasse como Diva, que fosse exemplo.
Sério? Todo mundo igualzinho descendo na boquinha da garrafa também?
Não estou falando em vulgarizar tudo, mas de criar links e possibilidades para que a massa PARE de pensar como massa. Nós, "do alto escalão", deveríamos ser mais generosos. Pode ser utopia, mas prefiro lutar por este mundo de Matrix, onde o cara que ouve Metálica também pode gostar de Sidney Magal e também pode ler Nietzsche e assistir BBB sem que lhe taquem as pedras sob o julgamento da heresia.
Olha, quando eu era criança gostava da Xuxa e comia lasanha com farinha.
A gente cresce e fica tudo chato. Fim.
9 comentários:
sem pensar 2 vezes,eu digo que esse é um dos seus melhores textos! :)
Concordo com a moça acima e complemento: no meu mp3, tem Caetano, Angra, Beatles e Falamansa. É, né?
Natália, vc se refere à mim ou à minha irmã? rs
Caramba, muito bom!!!!
No meu mp3 tem Demi lovato! haiauahaiahaaia
Então.. aos enquadrados: danen-se.
Ana, obrigada!! E fodam-se os politicamente chatos!
Olha, confesso: não sei quem é Demi Lovato. Googleá-la-ei.
Adorei!!!
Nossa isso era tudo que eu queria dizer pensando em mim mesmo e vendo os outros se sentirem distantes por nao quererem se misturar
Se eu ainda tivesse meu facebook, pingaria isso lá, como recado aos pseudocults de plantão..
Só não dá pra engolir o BBB, o resto tudo pode...! bjos
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