terça-feira, 9 de outubro de 2012

O PREÇO DO UNFOLLOW


AVISO: esse post contém fortes doses de opiniões contrárias à unanimidade e bastante chorume. Se estiver indisposto, não prossiga e guarde as pedras no bolso. Obrigada!

Foi-se o tempo em que telefones serviam para entrar em contato, combinar um cinema, fazer uma fofoca. As redes sociais tomaram esse espaço de modo que hoje são quase a extensão da vida real. Ou algo paralelo, mas com a mesma importância.

Um lugar mágico onde fazemos e desfazemos amizades/affairs/namoros com a velocidade e a efemeridade de um simples botão follow/unfollow. Simples, rápido, fácil. Mas nem sempre indolor.

Antes das redes sociais, não era possível saber o quão babaca é seu colega de classe, de trabalho ou mesmo seu irmão. Mas babaca do ponto de vista de quem? Do SEU, óbvio. E às vezes eles são babacas mesmo e, noutras não raras vezes, VOCÊ é que é intolerante. Aliás, intolerância. Com as redes sociais descobrimos o quão intolerante somos.

E criamos regras pra tudo: não pode retuitar elogio, não pode gostar da Globo, não curtir Beatles sem conhecer TODA a discografia, não pode fazer piada com quem já morreu, não pode reclamar de juiz, não pode demonstrar carência, não pode falar de novela/futebol, não pode reclamar do frio/calor e, principalmente, não pode discordar de você.

Twitter é para os fortes, eu diria. Mas não para os pacientes.

E aí se nego quebra uma dessas regrinhas, unfollow. Pra quê esperá-lo quebrar TODAS as regras, né? Time is money, next!

“Era bom se houvesse unfollow na vida real.” Há controvérsias. Na vida real, a gente precisa sentar e lidar com o quê/quem não gostamos - de preferência, sóbrios. Ou você para e aprende a conviver com o outro ou vai embora - aquela história de “os incomodados que se mudem”. Aí você decide ir embora, mas nem sempre é possível. Também não dá para ir embora para sempre. Uma hora você precisa lidar com o mundo que nem gente grande, felizmente a vida real não oferece botãozinho unfollow, pagamento a crédito parcelado em 36 vezes e suaves prestações. É tudo ou nada, aqui e agora. Real life sim, além de para os fortes, é para os budas.

Engraçado porque eu lido com o Twitter (vamos falar de Twitter para sermos mais específicos) de maneira diferente da maioria. Considero MUITO antes de seguir alguém e sigo poucos porque quero ler todos. E aí, vez ou outra, acontecia uma amizade legal ou um affair - e uma história em ambos. Quando levo unfollow de um ou de outro, sempre penso nessa história ou no que poderia ter sido ou no inevitável o quê eu fiz?. No fim, a gente lembra do começo.

Isso, obviamente, é um problema MEU porque sou insegura. Então, unfollow pra mim é rejeição - pelo que falo e por aquilo que represento. A não ser que sejam coisas muito pontuais: “vc flooda a TL em dia de jogo”, “vc fala muito de política”, “vc fala muito”. E os amigos que me explicaram isso como quem diz “Vamos ali tomar um chope?” são meus amigos até hoje porque lido bem com foras e porquês, mas não trabalho com abandono, sem bilhete, sem vestígios. Trabalho com reciprocidade, o resto é migalha.

Não, não me abandone! Não me desespere!
Porque eu não posso ficar sem você
êê!

Já bati na casa de um cara SÓ pra saber se ele ainda me queria. O moço solenemente disse que não e me mandou ir embora. Desnecessário o que eu fiz? Muito! Mas eu precisava fazer isso por mim ou não teria paz. Ele me deu o fora, disse o porquê e a vida seguiu. Percebe?

E já levei milhares de unfollows e blocks dos que eu considerava próximos, sem nenhuma despedida. Em mim, sempre fica uma lacuna aberta. Aí fico um tempo feito alma penada procurando um limbo.

Em outro caso, eu seguia uma amiga de faculdade da qual discordava politicamente. E foi-se por longos anos até que eu a bloqueei porque 90% dos tweets dela eram indiretas grosseiras a mim. Mas antes de lhe dar block, eu escrevi uma carta aberta propondo uma trégua. Ela nunca respondeu e nunca mais nos falamos. Paciência, doeu mais em mim que nela.

 E se até ele reclama de unfollow, pq não eu?

Claro, ninguém é obrigado a dar explicações depois de unfollow, de repente, o “unfolado” nem vale isso na sua concepção. Reitero que essa é minha postura, especialmente com os mais próximos. Na verdade, nunca dou unfollow em quem considero “amigo”, geralmente dou unfollow back. Alguns dirão que faz parte do show, afinal você não é obrigado a ler quem não quer. Concordo e por isso pondero antes. Sigo poucos e bons.

No entanto, vejam só, as redes sociais deram um jeitinho de amenizar a dor do rejeitado: há uma ferramenta em que o usuário deixa de ler quem não quer, mas não necessariamente desfaz a amizade. É uma espécie de filtro – nego me põe na peneira e não me lê mais, só que ele não me deu unfollow ou cancelou minha assinatura, eu continuo ali, na listinha.

Aí pergunto: pra quê?

Se o filtrado não é seu parente, por que ainda ser seu amiguinho virtual? Política de boa vizinhança? Ah, vocês me desculpem, mas filtro é para quem não tem cojones. Dar-se-á o mérito a quem pratica unfollow neste caso.
Nego unfola no tuito e mantém ~amizade~ no Facebook. Gente, não! Vamos ficar de mal de uma vez só. Corta-aqui-o-dedinho-que-já-vai-fe-char.

“Ah, mas eu nada tenho contra você, apenas contra o que você escreve”. RISOS.

Enfim, para muitos tudo isso não passa de uma enorme bobagem e eu estou sendo uma otária melodramática. É, sou dessas, pago o preço. Não sei ser desencanada, forte, segura, toco a bola pra frente e me voy. Meu sobrenome é drama e pra mim unfollow é coisa séria.

Beijo!

2 comentários:

DiRenan disse...

Me identifiquei. rsrs
Apesar de acvhar um assunto banal, me senti meio assim esses dias.

P.S. Edita a tua barrinha de compartilhamentos. Pois quando eu compartilho no twitter, pelo botão da barra inferior, não aparece, no tweet, teu twitter (ou do blog).
Enfim, isso pode ajudar a divulgar o blog.

Abraços.

ISA disse...

Opa, obrigada, DiRenan!

Em tempo: o assunto é banal, vdd, mas é o que a nossa vida tem sido. A minha, pelo menos.

Abs!