terça-feira, 19 de março de 2013

1001 discos para ouvir antes de morrer: #2


1001 discos para ouvir antes de morrer
#2: Elvis Presley – Elvis Presley (1956)



            Para um álbum de estreia, Elvis Presley alcançou consideráveis façanhas. Uma delas é integrar a lista dos 200 álbuns definitivos do The Rock and Roll Hall of Fame. Para os ouvidos do século XXI, acostumados a álbuns bem produzidos e remasterizados, talvez o rock’n roll do então jovem de 21 anos que era Elvis soe como uma gravação de garagem. De fato, a qualidade da produção não é um primor, mas já nos permite antever os primeiros traços do talento que coroou, posteriormente, Elvis Presley como o Rei do Rock.
            A verdade é que Elvis Presley foi montado às pressas, às vésperas de seu lançamento. Das doze faixas, sete foram registradas no início do ano de lançamento, 1956, e as outras cinco eram provenientes da Sun Records, onde Elvis gravou seus singles antes de ser contratado pela RCA (selo do seu debut album). Por isso, o disco parece inconsistente e indeciso quanto à qualidade das faixas, algumas mais nítidas, outras que realmente se assemelham a gravações amadoras. Pode-se dizer que é um disco imaturo e um pouco cru, como o rock era naquela época. Mas o resultado final não deixa de ser uma bela estreia no mundo fonográfico. Desde o princípio, o Rei do Rock já demonstrava muitas das peculiaridades que o projetaram de East Tupelo, Mississipi, para o mundo.
            Esse Elvis era um verdadeiro combo-breaker, não era? Voz, suingue e aquele rosto que colocou os anos 50, 60 e 70 para suspirar. E algumas gerações posteriores também (olá!). O primeiro álbum do bonitão me fez lembrar os bailes americanos que a gente vê nos filmes de época: moças de saia comprida e rabo de cavalo, rapazes de topete, brilhantina e jaqueta de couro, bem ao estilo Grease – ou bem ao estilo do próprio Elvis. Muito embora, naqueles distantes anos 50, o rock (ou o rockabilly) tenha demorado a ser aceito nos tais bailes por ser música de negros – que, naquela época e no país segregado que eram os Estados Unidos, eram tidos como arruaceiros e imorais, então estes eram os adjetivos que atribuíam também à sua música.
Os vocais poderosos do senhor Presley nos dão as boas-vindas na primeira faixa, Blue Suede Shoes, um clássico do rock assinado por Carl Perkins, e assim o disco flui: repleto do rockabilly que Elvis ajudou a fundar. Salvo algumas exceções, como I’m Counting on You, a segunda faixa, um belo gospel que me faz me perguntar o porquê deste gênero não ter produzido músicas tão originais no Brasil (sem generalizar, é claro). E uma solitária Blue Moon lá no fim do álbum, canção que a maioria de nós deve conhecer na versão dos The Marcels, como abertura da novela O Beijo do Vampiro, de 2002. A Blue Moon de Elvis é definitivamente mais blue – mais coerente com a letra que a versão dos Marcels, suave, lenta, música de dançar agarradinho... Ou de sofrer ao lado da vitrola. Podemos escolher.
Para chacoalhar o esqueleto, Tutti-Frutti (bem parecida com Blue Suede Shoes), I Got a Woman, One-Sided Love. Para os apaixonados, Elvis está todo romântico em I Love You Because (“Most of all I love you because of you” – quase consigo ouvir os suspiros das adolescentes daquela época...) e em I’ll Never Let You Go (Little Darlin’). E há, é claro, Tryin’ to Get to You, que, para mim, é onde Elvis deu o seu melhor vocalmente, de todo o álbum.
Enfim: Elvis Presley é um álbum para fãs do estilo. O rei ainda não era rei, nem seus vocais tão encorpados. São pouco mais de 28 minutos que demonstram porque Elvis Presley se elevou de um caipira para uma lenda nacional. Claro que, para quem não curte o cara, o álbum tem inúmeras falhas para apontar. Eu, como uma saudosista (nascida em 1991, ok, mas ainda assim saudosista), gostei muito. Não é nada imperdível para quem prefere o Elvis mais amadurecido vocalmente (e musicalmente), mas vale a pena dar uma conferida nos primeiros passos do ídolo. Me fez desejar muito escutá-lo numa vitrola. Eu já disse que preciso de uma vitrola?
Link para o torrent aqui.

(Só para deixar claro, caso eu tenha feito alguma besteira: eu não sou crítica musical. Ando pesquisando um bocado para não falar bobagem, mas meu texto está mais que suscetível a erros. Acho que eles são perdoáveis e acho que, ao final dos 1001 discos, estarei bem mais amadurecida nesse ramo da escrita... Ou não. Vai saber, né. Estou me divertindo e é o que importa).

2 comentários:

Hiro disse...

Alguns álbuns são adorados justamente porque são debuts. Quem conhece a evolução do artista tende a ter um carinho especial pelos primeiros trabalhos. Bom texto, Lud! Deu pra ver que você pesquisou bastante para fazer essa resenha, continue assim!

Uiberon disse...

Wikipedia salvando a pátria...
ASUHASUSHUASHUASU
Brincadeiras à parte, o texto ficou com uma faceta profissional inceressante. Bem distribuído e sucinto.

Me deu até vontade de ouvir Elvis. *Baixando*
Ansioso pra saber qual vai ser o próximo.